sexta-feira, 25 de maio de 2012

Gênesis 39 - sexta, 25.05.2012 - comentado



1 José foi levado ao Egito, e Potifar, oficial de Faraó, comandante da guarda, egípcio, comprou-o dos ismaelitas que o tinham levado para lá.
2 O SENHOR era com José, que veio a ser homem próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio.
3 Vendo Potifar que o SENHOR era com ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em suas mãos,
4 logrou José mercê perante ele, a quem servia; e ele o pôs por mordomo de sua casa e lhe passou às mãos tudo o que tinha.
5 E, desde que o fizera mordomo de sua casa e sobre tudo o que tinha, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; a bênção do SENHOR estava sobre tudo o que tinha, tanto em casa como no campo.
6 Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de José, de maneira que, tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava. José era formoso de porte e de aparência.
7 Aconteceu, depois destas coisas, que a mulher de seu senhor pôs os olhos em José e lhe disse: Deita-te comigo.
8 Ele, porém, recusou e disse à mulher do seu senhor: Tem-me por mordomo o meu senhor e não sabe do que há em casa, pois tudo o que tem me passou ele às minhas mãos.
9 Ele não é maior do que eu nesta casa e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porque és sua mulher; como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?
10 Falando ela a José todos os dias, e não lhe dando ele ouvidos, para se deitar com ela e estar com ela,
11 sucedeu que, certo dia, veio ele a casa, para atender aos negócios; e ninguém dos de casa se achava presente.
12 Então, ela o pegou pelas vestes e lhe disse: Deita-te comigo; ele, porém, deixando as vestes nas mãos dela, saiu, fugindo para fora.
13 Vendo ela que ele fugira para fora, mas havia deixado as vestes nas mãos dela,
14 chamou pelos homens de sua casa e lhes disse: Vede, trouxe-nos meu marido este hebreu para insultar-nos; veio até mim para se deitar comigo; mas eu gritei em alta voz.
15 Ouvindo ele que eu levantava a voz e gritava, deixou as vestes ao meu lado e saiu, fugindo para fora.
16 Conservou ela junto de si as vestes dele, até que seu senhor tornou a casa.
17 Então, lhe falou, segundo as mesmas palavras, e disse: O servo hebreu, que nos trouxeste, veio ter comigo para insultar-me;
18 quando, porém, levantei a voz e gritei, ele, deixando as vestes ao meu lado, fugiu para fora.
19 Tendo o senhor ouvido as palavras de sua mulher, como lhe tinha dito: Desta maneira me fez o teu servo; então, se lhe acendeu a ira.
20 E o senhor de José o tomou e o lançou no cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam encarcerados; ali ficou ele na prisão.
21 O SENHOR, porém, era com José, e lhe foi benigno, e lhe deu mercê perante o carcereiro;
22 o qual confiou às mãos de José todos os presos que estavam no cárcere; e ele fazia tudo quanto se devia fazer ali.
23 E nenhum cuidado tinha o carcereiro de todas as coisas que estavam nas mãos de José, porquanto o SENHOR era com ele, e tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava.


Blog da Bíblia
Este capítulo gira em torno de uma segunda história sedutora, porém diferente daquela do capítulo 38. No capítulo 38, a relação sexual de Onã com Tamar, evitando assumir responsabilidade completa dá um tom de sexo visto principalmente para o prazer pessoal. A aquisição por Judá dos serviços de uma prostituta reforça ainda mais ainda mais esta característica no capítulo 38. A sra. Potifar parece para ver a expressão sexual da mesma forma. Ela "pôs os olhos" em José, porque ele era "bonito e de boa aparência" (vs 6-7) e este olhar está diretamente correlacionado com seu repetido e aberto oferecimento para sexo recreativo com José. Ela é a mulher mais velha com ardente desejo pelo homem mais jovem. Ela quer saciar-se em José como Judá e Onan fizeram com Tamar. Mas enquanto a Sra. Potifar, Judá, e Onã exemplificam a abordagem de lazer para o sexo, com Tamar foi diferente. Ela estava lá para conseguir um bebê e herdeiro, não por prazer como tal. Mas para Tamar, enquanto mulher não casada, o sexo com fins apenas de procriação, sem estabelecer e manter os bons laços relacionais do sexo que se esperam ocorrer no casamento - ainda é moralmente deficiente.

A resposta de José à sra. Potifar é, na minha opinião, o ápice de uma teologia da sexualidade no Pentateuco, e talvez toda a Escritura. Lemos em vs 8 que a Sra. Potifar  se oferecia a ele "dia após dia" (vs 10), talvez um dos primeiros casos registrados de assédio sexual na história. O raciocínio moral resposta de José é espantosa. Nos vs 8-9 ele argumenta que Potifar confiava nele totalmente. Nada foi retido de José e funcionalmente Potifar não era maior na casa do que José. Ele constrói o seu caso, apelando para o dever moral de não violar a confiança de Potifar. Assim, quando ele começa a finalizar sua apelação, nós esperamos que ele diga: "como posso fazer este grande pecado contra Potifar?" E isto teria sido um raciocínio moral excelente. José, no entanto, de repente levanta a aposta, mudando subitamente de Potifar a Deus.
Como isso é um pecado contra Deus?

No versículo 9, José raciocina que Potifar e ele são iguais na casa, exceto por uma coisa: Potifar dorme com a sra. Potifar e José não. Que uma coisa Potifar coloca fora da mão de José. José reconheceu este elemento como verdadeiro ideal de Deus para a expressão sexual. Prazer e os bebês não são o objetivo principal de expressão sexual. Eles são deliciosos bônus. O propósito da expressão sexual é promover e manter um sentido de unicidade entre marido e mulher. Ceder aos avanços da sra. Potifar não só violaria a confiança de seu marido em José (e nela!), mas seria subverter a singularidade ordenada por Deus entre marido e mulher. Eu acredito que é essa teologia de promover a singularidade conjugal que leva Paulo a afirmar que o marido e a mulher precisam ser regulares na expressão sexual um com o outro para evitar cair em tentação de cometer imoralidade sexual (1 Co 7:2-5). José, assim, prova-se moralmente superior a Judá, quando confrontado com a mesma tentação. Isso é especialmente verdade no fato de que Judá não tinha nada a perder sendo moral, enquanto como um escravo, José não tinha maneira de vencer, agindo moralmente. E ele de fato parece perder, falsamente acusado de coisa que ele defendeu de forma tão eloquente contra.


Stephen Bauer
Professor de Teologia e Ética
Universidade Adventista do Sul
Collegedale, Tennessee, EUA




Comentário bíblicos selecionados:


1 Retorna ao enredo de 37:26. José chegou agora ao Egito (Andrews Study Bible).


2-6 Enquanto as circunstâncias de José mudam, Deus nunca muda. Ele está sempre com Seus filhos (Jos. 1:5; Is. 41:10; Jer. 1:8, 19; Mat 28:20) e os habilita para grandes desafios (Andrews Study Bible).

O Senhor era com José do mesmo modo como nosso Senhor Jesus prometera estar conosco (Mt 28.20). Sabemos que Ele cumpre Sua promessa. Nosso dever e nosso privilégio é reconhecer e corresponder ao companheirismo que o Senhor nos proporciona. No caso de José, tal correspondência está evidente em seu espírito serviçal, alegre e criterioso (v 4; cf Cl 3.23), sua fidelidade absoluta (vv 5, 6) e sua resistência em face da tentação (vs 7-15). Constraste-se com este procedimento de José o que se menciona de Judá no capítulo anterior (Bíblia Shedd).
O benefício da presença de Deus foi experimentado até mesmo na escravidão, fora da terra da bênção (Bíblia de Genebra).

próspero. Uma das palavras chave deste capítulo (vs, 2-3; 23), sempre ligadas à bênção especial de Deus. A rápida ascensão de José na casa de Potifar se deve ao reconhecimento do mestre de que este escravo é diferente (Andrews Study Bible).


servia.O termo hebraico aqui denota serviço pessoal, como Josué servia a Moisés (Êx. 24:13) ou Elise servia a Elias (1 Reis 19:21) (Andrews Study Bible).


7-10 O texto bíblico sugere um longo período de sedução e o firme comprometimento de José de fidelidade e integridade moral. A longa resposta de José ao convite da mulher reconhece que o pecado não destrói apenas as relações humanas mas - e principalmente - é uma afronta a Deus (Sal. 51:4) (Andrews Study Bible).


9 O adultério era considerado um grande pecado no antigo Oriente Próximo (20.9), porém José estava absolutamente consciente de que vivia na presença de Deus (cf 2Sm 12.13; Sl 51.4) (Bíblia de Genebra).


11-19 Outra recusa deixa a roupa de José (note novamente a importância da roupa na narrativa de José) na mão da mulher de seu mestre, que rapidamente cria uma história plausível visando punir aquele que a recusou (Andrews Study Bible).


12 pegou. O termo hebraico aqui implica violência (Deut. 9:17; 22:28; 1 Reis 11:30) (Andrews Study Bible).


17 servo. Clara calúnia racial (Andrews Study Bible).


20 Mesmo que Potifar pareça furioso, a punição surpreende, tendo em vista que a lei bíblica exigia que estupradores convictos fossem sumariamente executados (Deut. 22:23-27). Potifar parece não acreditar em sua mulher, mas para manter as aparências colocou José na prisão. O foco agora muda para a prisão (o que reflete claramente um ambiente egípcio, tendo em vista que o Egito tinha prisões antes de outros povos ao redor), o próximo local das experiências positivas e negativas de José (Andrews Study Bible).
Embora a ira de Potifar fosse incidente sobre José, sua ação posterior indica que ele duvidou da acusação de sua esposa. Uma tentativa de estupro da esposa de um senhor por um escravo certamente resultaria em sentença de morte, mas a punição de José (aprisionamento com os prisioneiros do rei) foi relativamente suave (Bíblia de Genebra).
[Potifar] Queria tão somente preservar o nome da família. Tudo se ajustava, perfeitamente, nos planos providenciais de Deus com relação a José e ao seu povo escolhido (Bíblia Shedd).


21 Há um paralelismo muito estreito entre o comportamento de José e o de Cristo, quando diante de situações adversas e de falsas acusações, ambos as recebiam sem murmurações, como expressões da vontade de Deus (cf Is 53.7). Como Cristo, José não sofrera por erro algum cometido, mas sim, em virtude da retidão da conduta (Bíblia Shedd).





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