quinta-feira, 18 de julho de 2013

Jó 22 - comentários

Começa aqui o terceiro ciclo de discursos, que vai até o fim do cap 31. Pouco tem de novo; só em Jó se nota um progresso, lento, embora, mas seguro no entendimento. Elifaz continua o ciclo com as mais injustas acusações, citando precisamente as coisas más que Jô não fizera e omitindo todo o bem que praticara, o bem de outrem (Bíblia Shedd).

A característica distintiva deste terceiro discurso de Elifaz é o fato de que ele acusa Jó de pecados específicos contra o próximo. Embora Elifaz seja o mais gentil dos amigos, ele parece, neste discurso, estar fazendo um esforço desesperado para defender sua posição. Ele encerra este discurso da mesma forma que o primeiro, isto é, com um apelo a Jó para que mude seus caminhos a fim de ser liberto do sofrimento (CBASD, vol. 3, p. 626).

1-5 Elifaz passa a demonstrar que deve existir uma razão para as aflições humanas: a causa não pode estar em Deus, visto que a moralidade humana não pode afetar a onipotência divina. A explicação deve estar no próprio homem: Jó sofre por sua própria maldade (Bíblia Shedd).

2 de algum proveito. Elifaz admite que um sábio pode buscar vantagem para si próprio, mas nega que alguém possa fazer favores a Deus. Elifaz infere [supõe] que Jó considera que Deus tenha alguma obrigação para com ele, o que Elifaz crê ser injustificado (CBASD, vol. 3, p. 626).

3 tem o Todo-Poderoso interesse [...]? Elifaz apresenta Deus como alguém extremamente impessoal. Ele declara que a justiça ou a perfeição do ser humano não traz nem prazer nem lucro para Deus. Parece estar se esforçando para demonstrar que os motivos que impelem Deus a infligir sofrimento não são egoístas nem arbitrários. Contudo, no esforço para provar sua ideia, Elifaz deixa de fazer justiça ao caráter divino. O salmista, porém, tinha uma concepção mais adequada de Deus (Sl 147:11; 19:4) (CBASD, vol. 3, p. 626).

4 temor. A ideia do verso seria: certamente Deus não aflige um homem porque ele é piedoso! (CBASD, vol. 3, p. 626).

Juízo. Jó repetidamente expressou o desejo de apresentar seu caso diretamente a Deus (ver Jó 13:3). Elifaz considera isso um absurdo (CBASD, vol. 3, p. 626).

5 grande a tua malícia. Com esta declaração Elifaz inicia uma enumeração do que ele considera que sejam os pecados de Jó (CBASD, vol. 3, p. 626).

6-20 Nestes versículos, Elifaz ataca a Jó, especificando as suas acusações. Diz que Jó é violento, de personalidade contraditória, um homem que pratica o duplo jogo (6-9). É por causa disto que está sofrendo (10-11) (Bíblia Shedd).

6 tomaste penhores. Um "penhor" é o bem dado por um devedor ao credor como garantia. O crime atribuído a Jó era o de exigir tais penhores sem justa razão, isto é, quando não havia dívida, quando a dívida já estava paga, ou que o penhor ia muito ale da dívida (ver Ne 5:2-11) [ver Êx 22.26,27; Dt 24:6]. [...]Tirar vantagem do pobre injustamente tem sido uma falha comum da humanidade em todas as eras. [...] A maioria dos verbos hebraicos nos v. 6 a 9 está num tempo que sugere a ideia de frequência, indicando que Elifaz representava esses pecados como o modo de vida habitual de Jó. Tanto quanto de saiba, a única evidência que ele tinha de Jó ter cometido esses pecados era o sofrimento dele (CBASD, vol. 3, p. 626).

8 Elifaz não tem evidência alguma, mas supõe que Jó teria praticado as injustiças que eram possíveis para um homem de sua posição. No terceiro ciclo, os amigos abandonaram o estilo de insinuação indireta, para lançar acusações abertas contra Jó (Bíblia Shedd).

Elifaz quis dizer que Jó havia desapossado os pobres e ocupado a terra à força (CBASD, vol. 3, p. 627).

9 às viúvas despediste. A opressão destas classes de pessoas é considerada na Bíblia como crime grave (Dt 27:19; Jr 7:6; 22:3). Jó não podia deixar passar esta acusação sem refutá-la (29:13; 31:21,22) (CBASD, vol. 3, p. 627).

10 por isso. Elifaz [...] enfatiza que os infortúnios de Jó resultam diretamente dos maus-tratos por ele infligidos aos fracos e necessitados (CBASD, vol. 3, p. 627).

12 nas alturas. Elifaz chama a atenção para a transcendência e a onipotência de Deus. Essa é meramente mais uma repetição do argumento dos amigos de Jó. Eles colocavam grande ênfase na soberania de Deus. Até certo ponto, muitas de suas declarações estavam corretas. Mas, no final, o próprio Deus, que eles descreviam em palavras tão exaltadas, os repreendeu pelo que disseram (Jó 42:7). Não é suficiente a declaração de fatos abstratos; é essencial a aplicação correta de tais fatos (CBASD, vol. 3, p. 627). [...] o ser humano encereda por caminho perigoso quando presume poder sondar aquilo que Deus não achou por bem revelar. Nesse sentido, muitos se extraviaram e naufragaram espiritualmente. Portanto, é preciso sontentar-se com o que Deus revelou, mas ser diligente em buscar compreender o máximo possível à mente finita (CBASD, vol. 3, p. 627).

15 queres seguir a rota antiga [...]? Ou, "Você vai continuar no velho caminho que os perversos palmilharam?" (NVI) (CBASD, vol. 3, p. 628).

21-30 Elifaz traz uma maravilhosa mensagem de reconciliação com Deus, o que não pode ajudar a Jó, pois é baseada na suposição da sua grande maldade (5-11) (Bíblia Shedd).

22 instrução. Do heb. torah. Esta é a única ocorrência da palavra no livro de Jó. Parte da experiência de permanecer junto a Deus consiste em receber Sua instrução e prezar Suas palavras (CBASD, vol. 3, p. 628).

24, 25 Elifaz convida Jó a desapegar-se dos bens materiais, para então deleitar-se com a suprema riqueza da comunhão com Deus (Bíblia Shedd).

27 pagarás os teus votos. Como sinal de que as orações foram atendidas (Bíblia Shedd).

30 ao que não é. A LXX [versão grega do VT] dá um sentido oposto, ao traduzir a frase como: "Ele livrará o inocente." Neste caso, Elifaz estaria apenas afirmando uma de suas premissas básicas, isto é, que Deus faz prosperar os justos (CBASD, vol. 3, p. 629).

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