domingo, 22 de março de 2015

I Coríntios 8 - Comentários selecionados

1 No que se refere. Este versículo introduz outro tema sobre o qual a igreja de Corinto havia buscado o conselho de Paulo, a saber, se era lícito comer alimentos oferecidos a ídolos por seus adoradores pagãos. Quando se sacrificavam animais aos deuses nos templos pagãos, parte do animal era dada aos sacerdotes oficiantes, que vendiam a carne. Parte dela era encontrada nos mercados públicos. Por isso, surgiram dois questionamentos: se era apropriado comprar tais alimentos nos mercados públicos e comê-los, e se era correto comer tal alimento ao visitar um amigo pagão. CBASD - Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 6, p. 792.

todos somos senhores do saber. Talvez os coríntios tenham se vangloriado disso na carta que enviaram a Paulo (ver com. de 1Co 7:1). Os crentes de Corinto estavam cientes da real natureza dos ídolos, sabiam que não tinham importância alguma (1Co 8:4). CBASD, vol. 6, p. 792.

ensoberbece. Isto é, conduz ao orgulho e a superestimar a opinião de um ser humano, bem como a falta de amor para com outros. CBASD, vol. 6, p. 792.

amor. Do gr. ágape, "amor" na forma mais elevada. Não se trata de uma atração sensual ou biológica, mas amor baseado em princípio; interesse real no bem-estar do próximo por causa de seu valor para Deus como pessoa pela qual Cristo morreu (ver com. de Mt 5:43). Tal amor "não se ensoberbece" (1Co 13:4). Edifica em vez de destruir; portanto, busca sempre ajudar o próximo (ver 1Co 13). Paulo relembrou-lhes que não é seguro confiar num guia tão defeituoso como a sabedoria humana. Se o coração não está ligado a Deus, o conhecimento e a ciência acaba enchendo a pessoa de orgulho, vaidade e confiança na própria capacidade. Com frequência, esse saber afasta a pessoa da religião genuína e lhe confunde a mente (ver 1Co 1:20, 21). A resposta à pergunta sobre alimentos oferecidos a ídolos não devia se basear apenas no conhecimento abstrato, mas no amor verdadeiro pelo próximo. A preocupação principal deve ser por aquilo que melhor contribui para a paz, pureza, felicidade e salvação do próximo. O amor é a resposta para todo problema doutrinário, moral e social. CBASD, vol. 6, p. 792.

2 saber alguma coisa. Paulo condena o orgulho pelo conhecimento intelectual que leva ao desprezo e à negligência pelos menos instruídos. A pessoa orgulhosa por seu conhecimento, a ponto de desprezar os outros e ignorar suas necessidades, demonstra que ainda não aprendeu o princípio do verdadeiro conhecimento. Aquele que é verdadeiramente instruído é humilde, modesto e se preocupa com os demais. Não é orgulhoso e não desconsidera a felicidade dos outros. Quem não usa o conhecimento para contribuir para a felicidade e o bem-estar de outros prova que desconhece um dos propósitos fundamentais do conhecimento, que é o bem geral da humanidade. Assim como um avarento acumula riquezas e não faz o uso delas para abençoar e ajudar outros, quem não reconhece a responsabilidade que a aquisição de conhecimento traz pisa nos interesses dos outros ao redor. Seu conhecimento será usado em benefício próprio, a despeito da necessidade das pessoas em geral. Isso tem sido visto repetidamente na história do mundo. O saber, como a luz do sol, não tem valor a menos que ilumine a Terra. Os seres humanos devem sempre se lembrar de que é Deus quem lhes dá a capacidade de adquirir conhecimento, e é seu dever como mordomos do Senhor usar esse dom em benefício do próximo (ver Pv 2:1-6 ; Tg 1:5). Somente os que conhecem o amor e o colocam em prática é que possuem conhecimento verdadeiramente útil (ver IC o 13:2). Este versículo ensina que conhecimento sem amor é nada, pois não considera o que é mais necessário, a saber, a aplicação correta do conhecimento em favor do próximo. CBASD, vol. 6, p. 792, 793.

3 ama a Deus. A obediência ao primeiro grande mandamento, "amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração", promove a verdadeira sabedoria (M t 22:37; cf. Pv 1:7). CBASD, vol. 6, p. 793.

é conhecido por Ele. Deus conhece a todos, mas tem estreita comunhão apenas com os que O amam, considerando-os como amigos (ver Jo 10:14; Gl 4:9 ; 2Tm 2:19). CBASD, vol. 6, p. 793.

4 No tocante. Este versículo resume a análise da atitude do cristão quanto aos alimentos oferecidos aos ídolos. CBASD, vol. 6, p. 793.

nada. No texto grego, esta palavra é enfática, destacando que o ídolo é absolutamente nada. O ídolo é apenas madeira, pedra ou metal sem vida, e não tem existência de fato no céu nem na Terra. Deve-se considerar que a palavra "ídolo" não se refere apenas à imagem, mas ao deus que supostamente representa. A declaração de Paulo nega a existência desse deus. A crença de que divindades habitam nos ídolos fabricados é apenas uma fantasia da mente dos adoradores. CBASD, vol. 6, p. 793.

5 Deuses ... senhores. Os pagãos criam que o céu e a Terra eram habitados por deuses e senhores de níveis e poderes diferentes. Mas eram apenas divindades imaginárias. CBASD, vol. 6, p. 793.

6 pelo qual. Por meio do Filho, tudo no universo veio a existir (ver Jo 1:1-3, 14; Cl 1:16, 17; Hb 1:2). Os pagãos diziam haver muitos governantes e senhores do universo, mas os cristãos sabem que há apenas um. Paulo apresenta a grande verdade de que Deus, e apenas Deus, trouxe "todas as coisas" à existência, e que fez isso por meio do Filho Jesus Cristo, que é a segunda pessoa da divindade. CBASD, vol. 6, p. 794.

7 por efeito da familiaridade. Ou, "segundo o uso habitual" ou "pela força do hábito". Havia alguns na igreja de Corinto que não consideravam o alimento oferecido a ídolos como alimento comum, embora não mais cressem na existência de ídolos. Como resultado do hábito de anos, eles não conseguiam se dissociar por completo do passado. Compartilhar desse alimento os colocava de forma vívida no seu antigo contexto, uma situação além do que podiam suportar. CBASD, vol. 6, p.794.

8 recomendará. O favor de Deus não depende do uso ou abstenção de alimento oferecido a ídolos. Deus vê o coração e leva em conta os pensamentos e motivações que impulsionam as ações. A adoração a Deus é espiritual e não se baseia em questões dessa natureza . CBASD, vol. 6, p.794.

nada perderemos. Literalmente, "nos falta". Não é recusando-se a comer esse tipo de alimento que os crentes aumentam seu valor moral ou sua excelência. Paulo trata aqui do alimento oferecido a ídolos, e sua declaração não deve ser generalizada para além do tema em consideração, como se nenhum alimento ou bebida pudesse afetar o relacionamento com Deus. O princípio não se aplica aos casos em que o alimento ou a bebida seja prejudicial ao corpo, ou no caso de alimentos estritamente proibidos por Deus. CBASD, vol. 6, p. 794.

9 Vede. Conhecer a verdade sobre os ídolos não constitui em si uma desculpa ilimitada para se satisfazer o apetite sem considerar a influência desses atos sobre os outros. CBASD, vol. 6, p. 794.

liberdade. Do gr. exousia, "direito" ou "autoridade", isto é, de comer a carne oferecida a ídolos. Em muitas circunstâncias, o cristão tem o direito ou autoridade de fazer algo, mas não é sábio nem cortês para com os demais exercer esse direito de forma indiscriminada (ver com. de 1Co 6:12; cf. 10:23). CBASD, vol. 6, p. 794, 795.

tropeço. Isto é, qualquer coisa que faça com que o outro se desvie do caminho da verdade e cometa pecado. CBASD, vol. 6, p. 795.

fracos. O cristão deve sempre se lembrar de que é guardião de seu irmão. Seu dever é viver de modo tal que nenhum ato ou palavra desvie alguém da harmonia com a vontade de Deus. Conveniência e inclinação pessoal não deve ser a principal preocupação, mas sim o efeito de seus atos sobre os demais. CBASD, vol. 6, p. 795.

10 à mesa. Isto é, em uma refeição. Talvez a ocasião fosse de uma função oficial, associada a uma refeição no templo dedicado ao ídolo. CBASD, vol. 6, p. 795.

em templo de ídolo. Neste versículo, apresenta-se o que pode ser considerado um caso extremo, embora se aceite que os que não consideram a influência de suas ações sobre outros possam se comportar da forma descrita. CBASD, vol. 6, p. 795.

11 irmão fraco. O irmão fraco é aquele a quem mais se deve tratar com paciência e tolerância. É um irmão na fé, alguém unido ao Senhor pelo mesmo laço familiar que une aqueles cuja fé é mais amadurecida . Ele tem direito ao amor e à ajuda dos demais na igreja. Deve-se fazer todo o possível para evitar pôr em risco os interesses espirituais de tal pessoa. CBASD, vol. 6, p. 795.

Cristo morreu. Este é o argumento mais forte contra o mau uso da liberdade, quando esse mau uso põe em risco a salvação dos outros. Não se deve fazer nada que torne infrutífero o sacrifício de Cristo por uma pessoa. Essa possibilidade deve ser o suficiente para impedir alguém de tomar qualquer atitude que resulte nisso. Certamente o cristão consciente do que o Salvador fez por ele não insiste em ser indiferente ao bem estar de seus irmãos, fazendo algo que os levaria a violar sua consciência. CBASD, vol. 6, p. 795.

12 pecando. Aquele que tem o amor de Jesus no coração não deseja usar a liberdade de forma que seus irmãos se desviem. Pelo contrário, fica feliz em se abster de privilégios e prazeres, se com isso puder evitar que alguém se desanime. Existe uma ideia enganosa de que toda pessoa tem o direito de fazer o que desejar sem considerar o efeito disso sobre outros, desde que não faça nada contrário à lei (cf. Rm 14:13, 16, 21; 1Pe 2:15, 16). Cristãos amadurecidos devem cuidar para não fazer nada que possa escandalizar os crentes mais fracos ou ser pedra de tropeço no caminho deles. Influenciar outros de forma errada é uma violação da lei que instrui os cristãos a amar seus irmãos e a buscar o bem-estar deles (ver Mt 22:39; Jo 15:12, 17; Rm 13:10; Gl 5:14; Tg 2:8). CBASD, vol. 6, p. 795, 796.

contra Cristo é que pecais. O Salvador Se identifica com Seu povo, incluindo Seus irmãos mais fracos. Na estrada para Damasco, Ele disse a Saulo que a perseguição contra os santos era, na verdade, contra Ele próprio (At 9:5; cf. Mt 25:40). CBASD, vol. 6, p. 796

nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo. A liberdade é valiosa. Mas, se o exercício dela resulta em fraqueza para um irmão, o correto é renunciar essa liberdade em favor daquele. O amor ao próximo deve ser o princípio orientador em tais questões. ... Negar o eu em favor dos demais é uma característica importante da experiência de um genuíno seguidor de Jesus (ver Mt 16:24; Jo 3:30; Rm 12:10; 14:7, 13, 15-17; Fp 2:3, 4). Esse princípio é a essência do espírito de Jesus, em cuja vida terrena se manifestava constantemente. CBASD, vol. 6, p.796.

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